Teu olhar bravio como uma nau
Em meio à fúria de Poseidon
Não tocou uma ilha de paz sequer
E, alumiado pela ausência dos faróis,
Acariciou recife de corais
Enquanto tateava em vão
O grande azul, lar de marujos,
E via mar e céu numa só linha
Como se a vida fosse retilínea,
Como se a qualquer momento
Ela não fechasse os teus olhos para sempre.
E hoje as retinas são mares de lágrimas
Em outros olhares, como oceanos tempestuosos na alma,
Enquanto a calmaria absorve o teu corpo
Sete palmos distantes do mar.
E as ondas continuarão beijando a areia da praia
Como se nada tivesse acontecido...
Apenas mais um olhar encontrou a escuridão da inexistência.
* 6º lugar e Menção Honrosa no XXVI Concurso de Poesia Brasil dos Reis (Angra dos Reis/RJ)