sábado, 13 de julho de 2013

13 de Julho - Dia Mundial do Rock

Rock e literatura são amigos de longa data, dois camaradas que saem por aí em noitadas regadas a muito vinho, disparando campainhas às duas da madrugada e azucrinando a vida das pessoas em geral. Aliás, é isso: rimam tão bem porque se uniram para o mesmo fim, incomodar. Que se dane se podem ficar mal falados, eles querem mesmo é soltar a voz, seja no palco ou na pauta, sem rédeas, sem regras.

Quando Jim Morrison escolheu o nome da sua banda, fazendo referência ao poema de William Blake ("Se as portas da forem abertas, as coisas irão surgir como realmente são, infinitas") e ao livro de Aldous Huxley ("The Doors of Perception"), estava brindando a essa velha amizade. O mesmo pode-se dizer sobre Bob Dylan e suas crônicas, sobre a parceria entre Raul Seixas e Paulo Coelho, sobre a poesia sempre tão presente nas letras de alguns... No rock brasileiro, temos vários exemplos de poetas que usaram a música ao invés dos livros para transmitir sua mensagem: "Poetas e loucos aos poucos / cantores do porvir / E mágicos das frases / Endiabradas sem mel" ("Boas Novas" - Cazuza).

E a íntima amizade entre rock e literatura só faz aumentar na obra da Legião Urbana e de seu líder Renato Russo: "Faroeste Caboclo" é uma biografia, "Eduardo e Mônica" um romance, "Dezesseis" um conto, "Mais Uma Vez" autoajuda e "Os Anjos" uma crônica poética... Humberto Gessinger também confirma essa relação ao citar Sartre ("A dúvida é o preço da pureza") e Ferreira Gullar ("O sonho é popular").

Por isso tudo, aos que são amantes do rock e casados com a literatura (ou vice-versa), mas sempre fiéis à arte, um ótimo Dia Mundial do Rock!!! Yeah!!!


domingo, 7 de julho de 2013

Os Ignorantes São Mais Felizes

Algumas pessoas ignoram a História... A escravidão, o desemparo de ex-escravos e seus descendentes jogados à própria sorte, a degradante condição social ardendo na alma como um chicote, a falta de dignidade como tronco e feitor, e acham injusta qualquer ação que vise remediar 500 anos de violência.

Algumas pessoas ignoram o Sistema... A pirâmide social se torna aceitável (e até necessária). Querem apenas melhorar o próprio salário, trocar de carro, manter o status quo. Sem tetos se tornam vagabundos, usuários de drogas podem morrer (não fazem falta!), desempregados devem se vender por qualquer trocado (afinal estão desempregados, valem pouco!), e quem tem dinheiro se torna um herói merecedor das dádivas da vida, e quanto mais dinheiro, mais exclusivas devem ser essas dádivas.

Algumas pessoas ignoram a Coletividade... Tudo é fruto da competência e do esforço individual, e que se dane quem não pôde estudar, quem está nas favelas e periferias herdeiras das senzalas, tornando ainda mais viva e cruel a frase de Louis Dumont: "Chama-se de individualista uma ideologia que valoriza o indivíduo e negligencia ou subordina a totalidade social".

Algumas pessoas comem brioches e cospem em pães franceses, por ignorar que a matéria-prima de ambos foi a farinha; algumas pessoas são mais felizes...