Rock e literatura são amigos de longa data, dois camaradas que saem por aí em noitadas regadas a muito vinho, disparando campainhas às duas da madrugada e azucrinando a vida das pessoas em geral. Aliás, é isso: rimam tão bem porque se uniram para o mesmo fim, incomodar. Que se dane se podem ficar mal falados, eles querem mesmo é soltar a voz, seja no palco ou na pauta, sem rédeas, sem regras.
Quando Jim Morrison escolheu o nome da sua banda, fazendo referência ao poema de William Blake ("Se as portas da forem abertas, as coisas irão surgir como realmente são, infinitas") e ao livro de Aldous Huxley ("The Doors of Perception"), estava brindando a essa velha amizade. O mesmo pode-se dizer sobre Bob Dylan e suas crônicas, sobre a parceria entre Raul Seixas e Paulo Coelho, sobre a poesia sempre tão presente nas letras de alguns... No rock brasileiro, temos vários exemplos de poetas que usaram a música ao invés dos livros para transmitir sua mensagem: "Poetas e loucos aos poucos / cantores do porvir / E mágicos das frases / Endiabradas sem mel" ("Boas Novas" - Cazuza).
E a íntima amizade entre rock e literatura só faz aumentar na obra da Legião Urbana e de seu líder Renato Russo: "Faroeste Caboclo" é uma biografia, "Eduardo e Mônica" um romance, "Dezesseis" um conto, "Mais Uma Vez" autoajuda e "Os Anjos" uma crônica poética... Humberto Gessinger também confirma essa relação ao citar Sartre ("A dúvida é o preço da pureza") e Ferreira Gullar ("O sonho é popular").
Por isso tudo, aos que são amantes do rock e casados com a literatura (ou vice-versa), mas sempre fiéis à arte, um ótimo Dia Mundial do Rock!!! Yeah!!!