O pior da insônia é saber que todos estão dormindo e você ali, acordado, tentando achar algo mais interessante do que um filme de sacanagem as três da madruga (sim, isso também é interessante, mas às vezes, poucas vezes, você não quer isso). Aí pega um livro ou rascunha um poema, enquanto os outros dormem e os corredores dão a falsa impressão de que teus passos soam alto. Na verdade, eles continuam silenciosos, ninguém os ouve – ninguém quer ouvi-los.
Então, na falta de algo melhor, você caminha desnorteado, tateando nas paredes, sem saber o que fazer para encontrar também essa bênção das multidões, o sono. Contar carneirinhos, assistir à tevê ou apertar o mute do próprio cérebro, ó, dúvida cruel! Você só quer ser como os outros e dormir, mas os versos martelam como enxaqueca e acordam como uma dose quase letal de cafeína.
Sêneca disse que a poesia é a insânia, mas desconfio que seja a insônia.
4 comentários:
Deu até sono...
Um Red Bull resolve o teu problema! rsrsrs
Gostei. Tem um dose ácida nas entrelinhas, vc escreve cenas do cotidiano e nos remete a uma crítica sobre a sociedade. Abraço
Valeu, Henrique.
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