Nesses navios de pele negra, branca,
Fria pele, áspera...
Nesses navios...
Substrução corroída!
Nesses navios negreiros multicoloridos
Que navegam pela vala da indiferença
E da miséria,
Aportando nas margens da desesperança,
Recrutando guetos e senzalas...
Nesses navios de pele mulata, amarela,
Gélida pele, árida...
Nesses navios...
Telha-vã apedrejada!
Nesses navios fantasmas que navegam
Como se o passado Não passasse de meia hora,
Como se o chicote ainda fosse ao céu
E caísse como um raio na alma,
Como se fizéssemos papel higiênico
Das áureas leis da República...
Nesses navios...
Versos de Castro ainda escorrem em sangue,
Ainda vivem...
No tronco, nas lágrimas,
Nas costas putrefatas, na dor tatuada...
Nesses navios...
Mil anos passam sob mil noites...
Açoite, açoite, açoite cruel!
As ruas viram senzalas...
“Dá in diferença!”,“Cinqüenta chibatadas!”...
E o céu, à noite, sem luminosa,
Reflete a atualidade em essência,
Almas escuras, verdade tão clara...
6 comentários:
Belo poema amigo.
Poema de grande força e beleza. Abraço, Fábio.
Belo poema! Belíssimo!!!
Gostei muit. Abraço
Poema de extrema força e sensibilidade. Parabéns.
Ficou muito bom esse poema. Abraço.
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